sexta-feira, 25 de outubro de 2013

DISTANTE DO OLHAR

Camuflado da felicidade
De um sorriso impostor
Tomado pela esperança
Aqui estou eu, amada minha

No meio do nada
Em busca incessante do seu colo
Vou-me aguentando com as Sete Maravilhas
Na perseverança de ter um "ABRAÇO"

Tenho tudo para ser feliz
Mas, nem todos os dias são felizes
Frustrada, prezo o seu amor
Aguentando reiterado

No meu mundo, existe um vazio
A tristeza, persegue-me
Distante do seu olhar
A solidão aperta

Quero sussurrar ao seu ouvido
Falando apenas do que a faz sorrir
Amada minha, Frizando
Que tudo valeu a pena

Nem tudo teve o merecimento
Minha amada
Distante do seu olhar
A vida teve privilégio







MJ






MINHA TERRA-GUINÉ-BISSAU

Terra minha, pátria amada
Longe dos olhos castanhos
Choro constantemente em busca do teu olhar
No coração, encontra-se todos os sonhos

Sonhos de uma menina
Sete anos fora "di ragaz" da sua amada mãe
Terra minha, terra dos meus antepassados
Inconsolávelmente, procuro o teu colo

Colo de uma mãe, terra minha
Zelo por ti, rogo pela tua saúde
Acordar com a brisa do ar puro
Cantar as canções mais amorosas

Pela tua saúde, não cessarei de lutar
Terra dos meus mais profundos sonhos
De tão profundos, temo que afundam
Hoje sonhei contigo

Um sonho de júbilo
Ao meio do sonho
Acordei sorrindo
O que virá, será nosso






MJ




terça-feira, 22 de outubro de 2013

O TEU SORRISO

O TEU SORRISO
É dos mais inocentes É Indestrutível É encantador Um encanto imaculado Inexplicável
O teu sorriso É dos mais sinceros Com um mundo Além dos brancos Branco da paz Brotam infinita alegria
Agarra na minha mão direita Diz-me "anda, anda" Eu vou Sem exigências
....

Um mundo por descobrir
Prova de amor verdadeiro

....
Hoje, hoje quero viver essa graciosidade Ao pormenor Não importa o sono Não importa o quanto me sinto cansada
Agarra na minha mão Pelo caminho da tua estrada Eu vou Cegamente, sigo-te Com a minha fingida confiança Meu eterno primeiro AMOR



MJ

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Tabacaria - Fernando Pessoa

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

ESCREVER

Escrevo, escrevo porque as teclas clamam pelas minhas mãos
Escrevo sem pensar em nada, porque do nada surge o que não penso
Quando penso, nada escrevo
Por isso, escrevo sem pensar

Não penso, pela alma do meu diário
O pensar faz surgir interrogatório, irresponsável e irrespondível
O meu pensamento não alinha com o meu escrever
Mas, quando escrevo, escrevo por necessidade

Necessidade de deixar algo que não penso
Como posso escrever por necessidade
De algo que não penso, se não penso quando escrevo?!
Escrevo, escrevo seguindo as minhas mãos, sem pensar

...

Hoje escrevo
Amanhã, penso no que escrevi
Se nada fazer sentido, fica
Fica uma linha torta sem sentido, mas fica

Fica o momento
Fica o que não foi pensado
Fica o que não faz sentido
Fica, uma eterna lembrança
De quem  não sabe o que escreve
Que vê para além do escrito.







MJ

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.


Fernando Pessoa

O ALÉM DO DESABAFO

   Há mais de 18 anos, nascera uma criança considerável linda,crescera no seio de uma família, chamada normal na nossa actual sociedade.
   Nunca acreditou no pai natal, mas sim na bondade de algumas pessoas que tornam este pedaço do planeta num paraíso. Sempre olhara os "desprotegidos" com olhos de sofrimento, contudo, tentava fazer algo para os ajudar. Embora, a idade dita a experiência, mas fazia o que achava melhor.
   Teve privilégio de estudar numa escola que a fez crescer em todos os sentidos, não era a mais inteligente da turma, mas sempre fora muito cumpridora nos seus afazeres. Chamava atenção com o seu jeito de estar perante os colegas e perante a sociedade. Muitas das vezes vítima de bullying.
   Se cada um tivesse a liberdade de fazer a sua história como bem entendesse, não existiria histórias de vida tristes... A desigualdade desde sempre existira, desde da criação do mundo... O que lhe faz pensar qual é o papel de "Deus" na nossa sociedade?! Não, que não acredite na sua existência...Aliás, estranho não seria, mas quando vê ao meu redor a beleza da natureza, a imaginação dos Homens, o belo do mar e do rio, as árvores e pessoas lindas... Convence-se que nada apareceu do nada, tudo teve a sua origem seja ela em palavras, pensamentos e acções e alguém teve essa ideia de os fazer existir,  e desde criança foi convencida que foi "ELE" quem fez tudo em 6 dias e no 7º dia teve direito ao seu descanso.
   Faz perguntas, muitas das vezes com respostas óbvias que não lhe convencem, porque no seu entender, ao seu ver deveriam ser de outras maneiras. Lembra-se que quando a professora Rosa mandava-lhes (os alunos) escrever das coisas que gostavam e do que não gostavam, as suas frases eram sempre:
" Quando for grande gostaria de ver todas as pessoas felizes"
" Gostaria de ter um boa formação e ser uma Drª"
" Gostaria de ver o mundo sem guerra"- Embora sem fazer a mínima ideia na altura o que era guerra
" Gostaria de ser professora quando for grande"...

" Não gostava de  ver o meu pai a brigar com a minha mãe" - (Era órfã de pai  o que implica em toda a sua vida não teria que assistir a tal desgraça), mas para ela, ele estava vivíssimo.
"Não gostava de ver os amigos a brigarem"... Entre muitas outras frases que a memória não lhe traz.

   Recorda-se que gostava mais de escrever quando o desejo começava por uma palavra positiva, a ideia surgia naturalmente, as ideias positivas traiam mais ideias positivas, iluminavam-na...
   Hoje, sente-se no abismo dos "PORQUÊS"  , parece que vive num mundo completamente diferente dos demais. Talvez tenha a obrigação/direito de saber muito mais do que sabe, faz suas as palavras do filósofo Sócrates "só sei que nada sei". Se um dia vier a saber talvez seja tarde para partilhar...

   Porquê... porquê tanta desigualdade no mundo!?