Essa pergunta motivou um grande estudo, nos Estados Unidos e na Suécia, divulgado há algumas semanas.
A resposta apontou para uma correlação entre paternidade tardia e um maior número de problemas psiquiátricos dos filhos.
Já se sabia que as mães mais velhas correm o risco de ter filhos com síndrome de Dawn. A explicação é que, quanto mais tempo demoram a ter filos, maior chance de as células que dão origem ao óvulos acumularem mutações (as mulheres já nasceram com o seu stock de células reprodutivas). Os homens ao contrário, têm uma produção constante de espermatozóides , que são renovados. Não era evidente que a idade do pai poderia ter impacto tão claro na genética dessas células.
Se o resultado dessa revista publicada na revista americana Jama Psychiatry (que envolveu mais de 2,l milhões de pessoas nascidas entre 1973 e 2001), for confirmado em outros trabalhos, tanto a idade do pai como da mãe podem ser indicadores de risco. Numa sociedade em que as pessoas têm filhos cada vez mais tarde, esse é um dado significativo.
O estudo comparou filhos de pais na faixa dos 20 aos 24 anos a filhos dos pais na faixa dos 45 anos ou mais. Os filhos dos mais velhos tiveram maior incidência de autismo, deficit de atenção com hiperatividade, transtorno bipolar, esquizofrenia, pior desempenho escolar, uso de drogas e risco de suicídio. Aparentemente, a idade mais avançada pode expor os homens mais velhos a uma maior influência de factores ambientais (poluentes, toxinas etc.) que interferem na "linha de montagem" dos espermatozóides, ampliando o risco de mutações deletérias (mudanças genéticas que causam problemas).
Mesmo aumentando o risco, a maior parte desses transtornos psiquiátricos não é regra, e sim excepção entre os filhos dos pais mais velhos. A genética também não é a única definidora dessas condições.
Maior habilidade social, mais experiência de vida, maior renda familiar e proximidade afectiva desses pais podem servir como factores de protecção, quando comparados aos pais mais jovens (com menores salários, mais inexperientes ou mais ausentes).
Maior habilidade social, mais experiência de vida, maior renda familiar e proximidade afectiva desses pais podem servir como factores de protecção, quando comparados aos pais mais jovens (com menores salários, mais inexperientes ou mais ausentes).
Outra pesquisa, publicada no American Journal of Human Genetics, tentou explicar a razão de alguns distúrbios neurológicos, como autismo, serem mais comuns em homens. O resultado sugere que as mulheres precisam acumular um número maior de mutações genéticas para ter os mesmos transtornos. Por isso, os homens estariam mais expostos a essa condição.
Por: Jairo Bouer
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